Guy Debord vem sendo reconhecido como um dos mais importantes pensadores do século que passou. Curiosamente, tal fato se deu somente após sua morte, em 30 de novembro de 1994 - a televisão francesa, então, exibiu um documentário sobre sua vida e obra, seguido da primeira exibição em TV de seu filme-documentário A sociedade do espetáculo, que também é título de seu livro mais famoso e exaustivamente citado como uma das mais apropriadas leituras do midiático mundo contemporâneo.
Debord foi o fundador da Internacional Situacionista (1958-1972), movimento politizado que nunca buscou a hegemonia como projeto político, mas antes o contrário, através da contestação do sistema capitalista e dos projetos revolucionários de seu tempo anunciando-lhes a derrota antecipada, já que sua força-motora era a outra metade da cara do projeto capitalista - era notória, por exemplo, sua crítica ao comunismo institucionalizado dos PCs - ou seja, a contestação crítica era sua marca pois punha-se contra a sociedade burguesa assim como aos que encenavam oposição a ele. Debord definia-se como um "doutor em nada" (veja-se seu livro Panegírico) e pensador radical. Foi um ativo integrante da geração herdeira do dadaísmo e do surrealismo, movimentos estéticos caracteristicamente críticos da sociedade capitalista. A história de Debord, se não bastasse isso, está indissociavelmente ligada às revoltas de Maio de 68 e sua vida remete diretamente a ações politizadas de transgressão dessa sociedade e de contestação de ideologias, sendo notório em sua vida um sentimento de insatisfação com o estado de coisas existentes e um esforço sempre marcante para fazer pensar, desmontando ideologias, para além de todas as crenças obstinadas que levavam à cegueira mais que à transformação social.
Maio de 68 foi marcante pelo desejo de tudo transformar em objeto de crítica, desde a vida cotidiana até as imposições sociais e econômicas que subjugam os indivíduos e os levam a sacrificar a vida ao trabalho sem sentido ou a sucumbir pela ausência dele. Aquele sentimento de revolta, mas sobretudo de reflexão, esvaiu-se praticamente no mundo contemporâneo quando assistimos apenas a partidos de esquerda amansados pelo sistema capitalista, sindicatos comodamente integrados a sistema, operários amansados, formas de representação política que não respondem mais aos anseios dos cidadãos, revoltas espasmódicas e aleatórias por hordas desorganizadas, crime organizado, miséria...
Por isso, inspirados em Debord, convidamos para a reflexão: o que você tem a dizer sobre Debord? Ou onde e como a insatisfação e uma práxis contestatória e reflexiva existe hoje? Que poesia? Que filosofia? Que política?
Ademir Demarchi - BABEL - Revista de poesia
Marcelo Chagas - Revista Critério
Debord foi o fundador da Internacional Situacionista (1958-1972), movimento politizado que nunca buscou a hegemonia como projeto político, mas antes o contrário, através da contestação do sistema capitalista e dos projetos revolucionários de seu tempo anunciando-lhes a derrota antecipada, já que sua força-motora era a outra metade da cara do projeto capitalista - era notória, por exemplo, sua crítica ao comunismo institucionalizado dos PCs - ou seja, a contestação crítica era sua marca pois punha-se contra a sociedade burguesa assim como aos que encenavam oposição a ele. Debord definia-se como um "doutor em nada" (veja-se seu livro Panegírico) e pensador radical. Foi um ativo integrante da geração herdeira do dadaísmo e do surrealismo, movimentos estéticos caracteristicamente críticos da sociedade capitalista. A história de Debord, se não bastasse isso, está indissociavelmente ligada às revoltas de Maio de 68 e sua vida remete diretamente a ações politizadas de transgressão dessa sociedade e de contestação de ideologias, sendo notório em sua vida um sentimento de insatisfação com o estado de coisas existentes e um esforço sempre marcante para fazer pensar, desmontando ideologias, para além de todas as crenças obstinadas que levavam à cegueira mais que à transformação social.
Maio de 68 foi marcante pelo desejo de tudo transformar em objeto de crítica, desde a vida cotidiana até as imposições sociais e econômicas que subjugam os indivíduos e os levam a sacrificar a vida ao trabalho sem sentido ou a sucumbir pela ausência dele. Aquele sentimento de revolta, mas sobretudo de reflexão, esvaiu-se praticamente no mundo contemporâneo quando assistimos apenas a partidos de esquerda amansados pelo sistema capitalista, sindicatos comodamente integrados a sistema, operários amansados, formas de representação política que não respondem mais aos anseios dos cidadãos, revoltas espasmódicas e aleatórias por hordas desorganizadas, crime organizado, miséria...
Por isso, inspirados em Debord, convidamos para a reflexão: o que você tem a dizer sobre Debord? Ou onde e como a insatisfação e uma práxis contestatória e reflexiva existe hoje? Que poesia? Que filosofia? Que política?
Ademir Demarchi - BABEL - Revista de poesia
Marcelo Chagas - Revista Critério
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