Existe um novo audiovisual?
Nessas últimas semanas que temos feito visita de locação em presídios, para um projeto d’ A produtora que está em fase de produção, tenho parado muito para analisar a arquitetura em si desse sistema prisional. E quanto mais me aprofundo nessa questão mais fico a lembrar do “Vigiar e Punir” do Foucault e toda a questão da sociedade do controle, dispositivo, hibridação, panóptico, redes, linhas de tensão, etc.
Quem estudou o dispositivo dentro da área de comunicação sabe bem do que estou falando. Tenho inclusive diversos amigos com pânico dessa palavrinha: “dispositivo”. Comecei a pensar então em escrever sobre essa arquitetura dos presídios, essa estrutura onipotente, assustadora, quase que poderia dizer fálico (sinto toda uma postura masculina na estrutura de grades e muros). Porém toda vez que começo a pensar sobre a estrutura volto novamente pro dispositivo e aí toda a questão da hibridação de meios, das linhas de tensão, me voltam novamente pro audiovisual. Ossos do oficio, com certeza. E depois de muito pensar, e até mesmo relembrar, toda essa questão do dispositivo dentro do audiovisual, fiquei com uma única questão na cabeça.
É, de uma certa forma, genial pensar que toda a estrutura do audiovisual vem com a hibridação de outras formas de arte: fotografia, música, teatro, etc. Os produtos que esse dispositivo gera são incontáveis, alguns de forma inovadora, outros nem tanto. Porém vejo cada vez menos essa possibilidade de criação de uma estética (não saberia falar de outra forma) audiovisual completamente nova, nunca antes vista. Do ponto de vista do hibridismo, isso chega a ser contraditório a partir do momento que você tem tantas possibilidades (principalmente com a tecnologia e mobilidade atual) de misturar diferentes linhas de forças para criar um terceiro produto. E aí que me pergunto: Será que toda a rede está desgastada? Todas as hibridações possíveis já foram usadas?
Assim, deixo para vocês me ajudarem: qual foi a última obra audiovisual inovadora que você viu? No inicio do século seria tão mais fácil achar uma resposta…
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