quinta-feira, 12 de novembro de 2009

FOLEGO


Por isso, acho bastante difícil entender quando os artistas falam de liberdade absoluta de criação. Não entendo o que querem dizer com tal espécie de liberdade, pois parece-me que, se optamos pelo trabalho artístico, encontramo-nos acorrentados pela necessidade, presos às tarefas que nós mesmos impomos à nossa vocação artística. Tudo está condicionado por um outro tipo de necessidade; e se pudéssemos encontrar alguém em condição de total liberdade, esse alguém seria como um peixe de águas profundas arrastado para a superfície. É curioso pensar que o inspirado Rublev trabalhou dentro dos cânones estabelecidos! E, quanto mais tempo vivo no Ocidente, mais a liberdade me parece curiosa e equívoca. Liberdade para tomar drogas? Para assassinar? Para cometer suicídio? Para ser livre, é preciso apenas sê-lo, sem pedir a permissão de ninguém. É preciso que se tenha os próprios postulados sobre aquilo que se é chamado à fazer, e guiar-se por eles, sem dobrar-se às circunstâncias ou ser cúmplice delas. (ESCULPIR O TEMPO - Tarkovski)

Um comentário:

Anônimo disse...

Liberté, espiritualité, felicidadeté!