segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

12/01/2009 - 13h53

Israel e Hamas usam sites de vídeos para fazer propaganda durante conflito


da France Presse, em Jerusalém

A guerra entre Israel e o movimento islâmico radical Hamas ganha força na internet. No YouTube, o exército israelense mostra sua luta contra os "terroristas" do Hamas, que respondem no portal de divulgação de vídeos PalTube, denunciando os "massacres" cometidos pelas tropas israelenses em Gaza.

Em um conflito que jornalistas estrangeiros não podem mais cobrir da faixa de Gaza devido à negativa de Israel em autorizá-los a entrar no território, o controle das imagens e mensagens é tão importante quanto as operações militares.

Veja a galeria de imagens do conflito
Envie seu relato e fotos sobre a ofensiva
Comente a violência em Gaza
Saiba mais sobre a origem do conflito
Leia a cobertura completa

Do lado israelense, a rede do Exército denuncia no YouTube (www.youtube.com/user/idfnadesk), por meio de porta-vozes e imagens aéreas, que o Hamas é uma "organização terrorista" que usa civis como "escudos humanos" e usa as mesquitas para armazenar armas.

Reprodução
PalTube e YouTube se tornaram meios de propaganda em conflito; especialista diz que sites dão nova roupagem para estratégia clássica nesses casos
PalTube e YouTube se tornaram meios de propaganda; especialista diz que sites dão nova roupagem para estratégia clássica

Já o PalTube (www.palutube.com), cujo servidor fica em Moscou, é usado pelo Hamas para denunciar o "holocausto sionista em Gaza" e fazer apologia ao braço armado do movimento islâmico, as Brigadas Ezzedine al Qassam. Também é possível assistir a transmissões ao vivo da rede Al Quds, ligada ao Hamas, cuja base fica em Beirute.

"O inimigo será derrotado e se retirará", diz o PalTube, que funciona de forma similar ao YouTube. Um dos vídeos mostra um membro do Hamas lendo seu testamento, antes de seguir para o combate em Gaza.

"Serei, se Deus quiser, o mártir Abdel Karim Said Wahba, da cidade de Lod, habitante do campo de refugiados de Nusseirat" (centro de Gaza), declara o homem, que exibe um lançador de foguetes e um fuzil de assalto com a bandeira verde do grupo radical ao fundo.

Outro vídeo, postado por um usuário chamado "Al Qanas" (o franco-atirador), mostra disparos de foguetes contra Israel em imagens tiradas do canal oficial do Hamas, a TV Al Aqsa.

A rede do exército israelense no YouTube é mais sóbria. Além dos porta-vozes que justificam seus ataques contra o Hamas, um vídeo mostra documentos do grupo radical islâmico encontrados por soldados em uma missão no norte de Gaza.

"Recorremos a uma plataforma muito popular para explicar as posições do Exército para o mundo e ilustrar as práticas dos terroristas do Hamas, que usam civis como escudos humanos", indica o capitão Ishai David, um dos porta-vozes das forças israelenses. Em duas semanas, o vídeo foi visto 1,4 milhão de vezes.

Segundo Jerome Bourdon, sociólogo e membro do departamento de Comunicação da Universidade de Tel Aviv, Israel e Hamas usam "um meio muito moderno para, no fim das contas, aplicar uma estratégia clássica --a propaganda".

"É um fenômeno no auge. Todo mundo, inclusive instituições mais conservadoras, pensam no YouTube", disse. Segundo ele, o uso desse tipo de site "permite, dos dois lados, mobilizar as tropas e aumentar seu moral".

Leia mais sobre o conflito em Gaza

Nenhum comentário: