quarta-feira, 11 de junho de 2008

Cineclube Curta Circuito Junho - Vamos lá?


16.06 – NOVOS OLHARES [DOC 2007]
Não raro, entre as produções documentais brasileiras, encontramos filmes que se dedicam a registrar a decadência ou o desaparecimento de velhos ofícios, de antigas máquinas de trabalho, de modos de viver e fazer. A tarefa é difícil (há sempre o risco de que o gosto pelo “exótico” suplante a particularidade histórica do registro), mas valiosa, evidentemente, por dar a ver tais “desaparecimentos”. É com essa idéia que “Câmara Viajante”, de Joe Pimentel, vai buscar no interior do nordeste a estória de fotógrafos que ganham a vida graças a máquinas e técnicas cada vez menos usuais – e graças à mítica estátua de Padre Cícero, destino certo dos romeiros que visitam a região de Juazeiro do Norte. Num contexto totalmente diferente, “Dia de Visita” traz o relato de uma mulher que dedica a vida a ajudar os presos da penitenciária de Papuda, em Brasília. Aqui, o maior mérito talvez seja confiar à fala da personagem, e à sua duração, um sentido que dificilmente poderia ser apreendido pela imagem.

Câmara Viajante Joe Pimentel, CE, 2007, 20’
Documentário sobre fotógrafos populares que atuam em festas e romarias do interior nordestino.

Dia de Visita
André Luís da Cunha, DF, 2007, 25’
Dona Sônia vai ao presídio, é dia de visita.

23.06 – NOVOS OLHARES [SILÊNCIO]
Na sessão Novos Olhares do mês de junho, o Curta Circuito destaca três ficções produzidas em 2007 por jovens realizadores brasileiros. Na primeira delas, Leonardo Lacca (co-diretor do filme “Eisenstein”, exibido ano passado no Curta Circuito) retrata em chave intimista os desacertos de um relacionamento invadido pelo vazio e pela apatia. Em “Convite para Jantar com Camarada Stalin”, num mergulho beckettiano, Ricardo Alves Júnior se vale do silêncio para entrelaçar o cotidiano de duas velhas senhoras a um passado frustrado pela história. Por fim, num filme polêmico e difícil (violência de um gesto? violência da imagem?) Murilo Hauser descola com sutileza os fragmentos de uma vida suspensa pelo suicídio.

Décimo segundo Leonardo Lacca, PE, 20’, 2007
No décimo segundo o silêncio passa a ser ensurdecedor.

Convite para Jantar com o Camarada Stalin Ricardo Júnior Alves, Brasil/Argentina, 2007, 10'
Entre o sonho e a morte, Olga e Marilu esperam um convidado para jantar.

Outubro Murilo Hauser, PR, 2007, 15’
O filme acompanha Ana, uma garota de vinte anos, nos últimos dias de sua vida. Fragmentos de sua cidade, sua família e seus amigos investigam as diferentes camadas do tempo onde habitam as pessoas ao seu redor.

Bate-papo após a sessão com o convidado Rafael Ciccarini/Filmes Polvo.

30.06 - PANORAMAS [DOC BOCA DO LIXO]
Nos finais dos anos 60 e ao longo de grande parte da década seguinte, uma rua incrustada no centro de São Paulo, numa zona de prostituição povoada por hotéis de segunda categoria, bares e pequenos empreendimentos, foi um dos principais pólos produtores de cinema do país. A Rua do Triunfo, ou a Boca do Lixo, como ficou conhecida na época, era ponto de encontro entre cineastas, criminosos, bêbados, técnicos e desocupados em geral, imersos numa área que abrigava sob sua atmosfera decadente pequenas e importantes produtoras e distribuidoras de cinema. Dali saíram alguns dos maiores sucessos de bilheteria do país, e por ali passaram alguns dos maiores cineastas brasileiros. Os três documentários desta sessão, reunidos pela Programadora Brasil, abordam diferentes aspectos deste período: da produção visceral de Ozualdo Candeias à história do restaurante Soberano, quartel de resistência da Boca.

Candeias: da Boca pra fora Celso Gonçalves, SP, 2002, 17’
Retrato de um dos mestres do Cinema Marginal, cuja importância é destacada por depoimentos de diretores e críticos como Carlos Reichenbach, Zé do Caixão, Jairo Ferreira, entre outros. Documentário sobre a obra e o estilo de um dos cineastas mais inventivos do Brasil, Ozualdo Candeias, genuinamente um cineasta do povo.

Soberano
Kiko Mollica e Ana Paula Orlandi, SP, 2005, 15’
Reminiscência da trajetória do bar Soberano, símbolo da intensa e espontânea produção do movimento cinematográfico da Boca do Lixo.

Boca Aberta Rubens Xavier, SP, 1984, 20’
Documentário realizado em 1984 sobre alguns dos principais protagonistas da cinematografia ligada à Boca-do-lixo, como Odi Fraga, realizador que dirigiu inúmeros longas, muitos deles sobre a temática do sexo explícito, Ozualdo Candeias, com uma filmografia mais autoral, e Toni Vieira, que dirigiu mais de 20 filmes. A rotina de atores e produtores ligados a este pólo de produção de filmes de apelo mais popular e que foram responsáveis pela produção das comédias eróticas das décadas de 60 e 70.


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