segunda-feira, 5 de maio de 2008

CINECLUBE CURTA CIRCUITO | Maio 2008


05.05 – SESSÃO LIVRE [LANÇAMENTOS MG]
Dando continuidade à proposta de exibir trabalhos de jovens realizadores do estado, o Cineclube Curta Circuito apresenta na primeira sessão do mês de maio quatro lançamentos independentes (2007/2008) e um filme realizado com apoio do II Prêmio Estímulo, da Associação Curta Minas/ABD-MG. Roteirizados, dirigidos e produzidos por um mesmo grupo de cineastas, estes filmes trabalham – em certos momentos com maior acerto e profundidade – as diferentes camadas do tempo narrativo ficcional, além de investirem em técnicas como a animação (Jardim das Cores) e nas possibilidades críticas da metalinguagem (Tudo que Tenho a Dizer).

Através de uma Porta Guilherme Reis, MG, 2007, 12’
Um homem chega em casa e suas chaves não abrem mais a porta.

Era uma vez... Gisele Werneck, Guilherme Reis e Byron O’Neill, MG, 2006, 10’
Era uma vez a noite escura e uma fada esperando o ônibus passar...

Prisão Joana Oliveira, MG, 2007, 13’
Um rapaz vai para a prisão e tem que conviver com o tédio.

Tudo que Tenho a Dizer João Carvalho, MG, 2007, 15’
Jovem cineasta encontra várias pessoas para saber a opinião delas sobre um roteiro seu.

Jardim das Cores Guilherme Reis, MG, 2008, 7’40’’
Uma brincadeira de lápis e papel.

Bate-papo com os realizadores após a sessão.


12.05 – PANORAMAS [PROJETO SAL GROSSO]
Em 1994, um grupo de estudantes da UFF, USP e FAAP realizaram em conjunto um filme chamado “Bem-vindo a Sal Grosso”. Um ano depois, a partir desta primeira experiência, nasce na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, o primeiro Festival Brasileiro de Cinema Universitário, até então o único evento do gênero no país. O festival cresceu, tomou forma e, em 2002, lançou o resultado da primeira edição do “Projeto Sal Grosso”. O projeto resgatava a idéia daquele primeiro filme de 1994, e propunha a realização de um curta por uma equipe mista de universitários, premiados com seus filmes no ano anterior em cada uma das categorias do festival (fotografia, montagem, direção, etc), e com roteiro saído das oficinas do evento. Ao que tudo indica a proposta deu certo, e hoje o projeto conta com seis filmes, entre ficções, documentários e experimentais. Para a primeira sessão Panoramas de maio, o Curta Circuito selecionou quatro títulos desta lista. Fazem parte ainda do projeto os filmes “A Goiabeira”, de Ed Lopes e “Esconde-Esconde”, de Álvaro Furloni.

GOD.O.TV Carlos Dowling, RJ, 2002, 17’
Vladimir e Estragon, juntos há tempos imemoráveis, esperam Godot na televisão, enquanto Ru, Vi e Flô tecem comentários sobre suas televidas. Livre adaptação de “Esperando Godot” e “Vaivém”, peças de Samuel Beckett.

Procurando Falatório Luciana Tanure, RJ, 2003, 14’
Moradores do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira dialogam com a fala poética de Stela do Patrocínio, publicada no livro “O Reino dos Bichos e dos Animais”, organizado por Viviane Mosé.

Sobre a Maré Guile Martins, RJ, 2005, 12’
Um velho marinheiro em terra firme vive no alto de um prédio, tendo seus dias regidos pela lua e marés de celofane.

Concerto Número Três Marco Dutra, SP, 2004, 13’
Mãe, pai, filho e coda.

19.05 – PANORAMAS [CINEMA NOVO]
Em 1960, num artigo publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, retomado anos depois em sua Revisão Crítica do Cinema Brasileiro, Glauber Rocha exaltava o aparecimento de dois jovens grupos de cineastas que “inauguravam” o documentário brasileiro, após décadas sucessivas de “pobreza imaginativa”, “pretensão exagerada” e “burrice excessiva” (exceções feitas ao mineiro Humberto Mauro). Glauber - assim como outros críticos e cineastas da época, em maior ou menor medida, como Paulo Emílio, Jean-Claude Bernardet, Nelson Pereira dos Santos - via em Arraial do Cabo e Aruanda o nascimento de uma modernidade autenticamente brasileira, marcada sobretudo pela renovação estética no tratamento dos conflitos sociais, culturais e políticos do país, até então sujeitos à esterilidade criativa dos documentários acadêmicos e comerciais. O que Glauber quis dizer, e que com o tempo foi possível confirmar, é que Arraial do Cabo e Aruanda surgiam numa época decisiva, e apontavam, ao lado de outros filmes do período, para aquelas que nos anos subseqüentes seriam as questões fundamentais de um novo cinema brasileiro.

Arraial do Cabo Paulo César Saraceni e Mario Carneiro, RJ, 1960, 17’
O documentário mostra as transformações sociais e as interferências nas formas primitivas de vida de pescadores do vilarejo de Arraial do Cabo, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. A Fábrica Nacional de Álcalis, que se instalou no local, causa a morte dos peixes, o que faz com que muitos integrantes da comunidade partam em busca de trabalho. Os modos tradicionais de produção se chocam com os problemas da industrialização.

Aruanda Linduarte Noronha, PB, 1960, 22’
A história de um quilombo, formado em meados do século XIX, por escravos libertos no sertão da Paraíba. O filme, da mesma época da inauguração de Brasília, mostra uma pequena população, isolada das instituições do país, presa a um ciclo econômico trágico e sem perspectivas, variando do plantio de algodão à cerâmica primitiva.

Bate-papo com o convidado Ataídes Braga após a sessão.

26.05 – EIXO BRASIL [ROBERTO BELLINI]
Na sessão Eixo Brasil do mês de maio, o Cineclube Curta Circuito apresenta uma retrospectiva completa com os vídeos do realizador mineiro Roberto Bellini. Juntos pela primeira vez, estes trabalhos revelam diferentes vertentes de uma produção que transita entre as artes gráficas, o documentário, o ensaio e a ficção. Se em parte deles a imagem é trabalhada como “matéria plástica”, suscetível a transformações e deformações, ruídos e intervenções visuais e sonoras às vezes bastante sutis, outros se valem da ironia e da contemplação paciente como chave de afirmação crítica e política. Esta aparente dualidade de temas, contudo, torna-se menos significativa quando nos colocamos diante de um outro aspecto destes trabalhos. Bellini faz passar a imagem por uma espécie de “zona de incerteza”, colocando em questão aquilo que, por meio dela, pode ser visto, dito, sentido e, sobretudo, apreendido. É assim em “Teoria da Paisagem” ou em “Opaco”, em “Pelo Vidro” ou em “Como as Coisas Funcionam”, em “Escuro” ou “Over There”. Só não é assim em “Tamandaré”, porque as imagens e os sentimentos às vezes podem ser bem simples.

Teoria da Paisagem EUA, 2005, 4’16’’
Notas de uma Encenação EUA/MG, 2008, 15’
Over There EUA, 2005, 4’53’’
Como as Coisas Funcionam EUA, 2002, 5’36’’
Intervalo MG, 2005, 6’55’’
Pelo Vidro MG/EUA/PT, 2007, 6’
Eu desisto MG, 2004, 3’53’’
Run/Walk EUA, 2006, 30’’
Tamandaré MG, 2005, 5’56’’
Opaco MG, 2006, 3’50’’
Escuro MG/EUA, 2006, 7’27’’
Jardim Invisível EUA, 2008, 15’

Bate-papo com o realizador após a sessão.

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