quarta-feira, 2 de abril de 2008

Programação de Abril


07.04 – EIXO BRASIL [CAMILO CAVALCANTE]

Na sessão Eixo Brasil de abril, o Curta Circuito apresenta cinco filmes do cineasta Camilo Cavalcante, um dos responsáveis nos últimos anos pela projeção da cena cinematográfica pernambucana no país. Cavalcante começou a realizar seus primeiros curtas em 1995, e em 2007 lançou, em parceria com o também pernambucano Cláudio Assis (Baixio das Bestas), o média-metragem “Eu Vou de Volta”. No recorte que apresentamos aqui, três questões aparecem de forma determinante, revelando-se com maior ou menor intensidade em cada um dos trabalhos do cineasta. A primeira, e mais fundamental, diz respeito à solidão e ao abandono do homem frente a um mundo cujas circunstâncias - causas, leis, condições - desconhece. A segunda, provavelmente como conseqüência desta primeira, nos fala da eminência e da inevitabilidade da morte. E a terceira, finalmente, diz respeito não a um tema caro ao diretor, mas a uma postura: pensar o homem sem ignorar os mecanismos – no caso, o cinema – de que se vale para fazê-lo.

Leviatã 1999, 20’
Um retirante nordestino em São Paulo. Alguém que só queria ver o céu. Um homem que foi engolido pela cidade. Um poeta esmagado pela rotina medíocre.

O Velho, o Mar e o Lago 2000, 20’
O velho somos todos nós. O mar é a vida. O lago, solidão.

Ave Maria ou Mãe dos Oprimidos 2003, 9’
Diariamente, na cidade do Recife, às seis horas da tarde, as rádios mais populares interrompem a programação para tocar a Ave Maria de Shubert.

A História da Eternidade 2003, 10’
A História da Eternidade é um falso plano-sequência que pretende conduzir o espectador a uma viagem dentro dos instintos humanos, através de uma linguagem poética e metafórica.

Rapsódia para um Homem Comum 2005, 27’
Epaminondas é um funcionário público classe média baixa no início da década de 70. Um homem comum, pai de família, que tem o dia-a-dia cercado por compromissos burocráticos e já não agüenta mais a rotina banal a que está submetido.

14.04 – SESSÃO LIVRE [MG 2007]

Além de procurar oferecer um panorama das principais produções de curta e média metragem no Brasil, um dos principais objetivos do Cineclube Curta Circuito é estimular a produção audiovisual emergente em Minas Gerais e nos demais estados brasileiros: estréias, filmes de jovens realizadores, de baixo orçamento, feitos com apoio de universidades e escolas de cinema ou de forma totalmente independente. A Sessão Livre deste mês traz alguns destes novos trabalhos, que se por um lado explicitam os eternos desafios inerentes à própria prática cinematográfica, por outro também revelam respostas e soluções criativas para as velhas – e não tão velhas - questões.

Ará Sheila Neumayr e Juliana Xavier, MG, 2007, 7’
Ará, em hebraico, significa “a que caminha”. Uma animação poética e metafórica sobre uma mulher que nasce do infinito.

Pipo Pipa Sheila Neumayr e Marconi Loures, MG, 2007, 5’
Em um dia de pouco vento, Pipo, um simpático filhote de lagartixa, percebe que não será exatamente fácil empinar uma pipa. Uma animação singela, que mostra que um problema é, às vezes, apenas uma questão de perspectiva.

Náusea Sanzio Machado, MG, 2007, 12’
Náusea é um filme que narra o não encontro de duas pessoas que vagam em mundos diferentes. É um retrato da nulidade da existência, das angústias de se estar no mundo e da fragilidade humana no labirinto das emoções. É um processo de busca pelos movimentos sonoros da natureza na partitura da vida.

Ratos Pedro di Lorenzo, MG, 2007, 10’
Homem é atormentado pelo barulho de ratos.
Moça e Chita Não Tem Feia e Nem Bonita Alex Lindolfo, MG, 2007, 5’
“Maio, é mês de muita aventura. Nem amanheceu já é noite escura”

Máquinas de Olvidar Alex Lindolfo, MG, 2007, 3’
Indagações em torno de objetos distantes.

* Debate dos realizadores com o público após a sessão
21.04 – PANORAMAS [SERTÃO FABULADO]

Não há qualquer dúvida de que os mitos e as tradições da cultura popular nordestina estão, de forma incontornável, nas raízes de boa parte dos mitos e das tradições da própria cultura popular brasileira. A herança política, social, cultural e religiosa do sertão está intimamente ligada ao imaginário da nossa própria fundação – no sentido de que, antes de nós, muito do que conhecemos e desconhecemos deve ter se passado ali. Hoje, mais que nunca, sabemos como qualquer idealização a cerca de um sertão mítico corre o risco de soar inadequada. Por outro lado, preservar parte desta dimensão mitológica é, de alguma forma, preservar parte do seu vasto legado cultural. Valendo-se de técnicas e referências as mais distintas, estas quatro animações fazem uma releitura divertida e despretensiosa de fábulas, contos e tradições às vezes bastante conhecidos, ambientando-os nas férteis paragens do imaginário popular nordestino.

O Lobisomem e o Coronel Elvis K. Figueiredo e Ítalo Cajueiro, DF, 2002, 10’
Um violeiro cego dedilha um repente e conta uma história passada na fazenda de um rico coronel da região.

Até o Sol Raiá Fernando Jorge e Leandro Amorim, PE, 2007, 12’
Até o sol raiá é um conto de fantasia e de celebração ao imaginário nordestino. Personagens criados por um artesão em barro ganham vida própria e agitam uma pacata vila sertaneja numa noite de festa.
O Jumento Santo e a Cidade que se Acabou Antes de Começar Leo D. e William Paiva, PE, 2007, 11’
Quando Deus resolve criar o mundo, as coisas acabam não saindo como planejado. O sertão nunca mais será o mesmo, depois que o jumento Limoeiro vem a terra pra dar um jeito na humanidade, que depois de sucumbir à tentação do capeta, acaba botando o mundo em desordem.

A Moça que Dançou Depois de Morta Ítalo Cajueiro, DF, 2003, 11’
Baseado em uma história de cordel de J. Borges, renomado artista popular, e produzido inteiramente com xilogravuras originais do próprio autor. Um rapaz se apaixona por uma misteriosa moça num baile de carnaval do interior.

28.04 – NOVOS OLHARES [DOC]

Se o principal personagem do documentário “Margem”, de Maya Da-Rin, é o barco, como afirma a diretora, podemos nos perguntar a que margem é esta que o título do filme se refere. Ora, é, certamente, este pedaço de terra entrevisto continuamente nos limites do Rio Amazonas, por onde, de quando em quando, iluminados por um forte feixe de luz ou banhados pela umidade e pelo calor, pessoas, animais e mercadorias entram e saem das embarcações. Mas há também uma outra margem, um pouco menos nítida, que estes viajantes e mercadores do rio parecem arrastar consigo para dentro do barco. Em seus rostos e falas entrecruzam-se costumes regionais, divagações políticas, mitos perdidos e experiências comuns. E logo ao lado, há tudo aquilo que não se diz, e tudo aquilo que talvez não se possa dizer. O filme de Maya parece lembrar que esta outra margem é o silêncio, contido e paciente, que se prolonga junto com cada uma das inúmeras estórias que embarcam sobre o rio. Filme selecionado pelo programa Rumos Cinema e Vídeo, promovido pelo Itaú Cultural.

Margem Maya Da-Rin, RJ, 2007, 54’
Durante dois dias e três noites uma embarcação navega lentamente pelo rio Amazonas, partindo da fronteira do Brasil com a Colômbia em direção à cidade peruana de Iquitos. A margem se revela diante da câmera à medida que os passageiros divagam sobre um território de múltiplas feições e em constante transformação.

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