domingo, 16 de março de 2008

Surveillance Camera Players


OS PERFORMÁTICOS DAS CÂMERAS DE VIGILÂNCIA
ANA – Agência de Notícias Anarquistas

11 de setembro de 2002 - Um Dia Internacional Contra as Câmeras de Vigilâncias

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Parece inacreditável – eu mesmo achei que era brincadeira – mas alguém conseguiu pensar nisso: um grupo de performáticos americanos criou uma pequena trupe dedicada exclusivamente a atuar em frente de câmeras de vigilância. Os Performáticos de Câmeras de Vigilância (Surveillance Camera Players), um misto de anarquismo militante, situacionismo extremado e bom humor, existe em Nova Iorque desde 1995, e inspirou a fundação de outros semelhantes no Arizona (EUA), São Francisco (EUA), Bolonha (Itália) Estocolmo (Suécia) e Lituânia.

Os grupos adotam a tática que chamam de “Programação de Guerrilha para Equipamentos de Vigilância por Vídeo”. Segundo texto disponibilizado em seu sítio, “um grupo de indivíduos cria um cenário e atua usando as câmeras de vigilância como se fossem suas, como se estivessem produzindo seu próprio programa, e como se a audiência consistisse da equipe de segurança, polícia, diretores de escolas, moradores de condomínios fechados, e os próprios produtores e vendedores de sistemas de segurança. O grupo de programação guerrilheira pode escolher qualquer câmera que achar conveniente e interessante, tendo em mente, é claro, que algumas câmeras são monitoradas ao vivo, enquanto outras gravam fitas que provavelmente serão vistas apenas no caso de algum crime acontecer nas horas de seu funcionamento”.

"(...)O grupo pode escolher imitar as estruturas tradicionais do teatro, cinema, comédia de TV ou documentário, ou jogar tudo pro alto e improvisar. O grupo pode escolher um horário regular, digamos, terça-feira às 8:30 da noite, para veicular seu programa; ou em vez disso, resolver transmitir uma produção de gala de 5 horas”. Algumas mudanças foram feitas no programa original (“Hoje, os PCV concentram-se nas pessoas que, por acaso, passam e vêem nossas performances”), mas a idéia básica continua a mesma: atuar em frente a câmeras de segurança.

É isso mesmo: eles montam uma peça e apresentam-na diante da câmera, como forma de mostrar a quem estiver no outro lado da câmera que eles também estão sendo observados e estudados; chamar a atenção das pessoas para a existência das câmeras e a vigilância completa de suas vidas; levantar questões como o uso de softwares de reconhecimento facial e o fim da privacidade dos cidadãos; e trazer a público fatos esquecidos pela sociedade do espetáculo (em termos baianos, por exemplo, a revolta dos escravos em Ilhéus, em começo do século XIX) ou outros que, infelizmente, não aconteceram (ex.: a morte do jovem ACM numa briga de gangues no Campo da Pólvora).

As peças seguem um esquema simples, podem ser usados textos/temas já existentes – como, por exemplo, 1984 de George Orwell; Psicologia de Massas do Fascismo, de Wilhelm Reich; Esperando Godot, de Samuel Beckett; todos estes já representados; os performáticos reúnem-se em frente à câmera escolhida; o mestre de cerimônia anuncia o começo do espetáculo com uma placa, voltada para a câmera, onde se lê: Surveillance Câmera Player presents... Logo após, é erguida outra placa com o título da peça, e começa o espetáculo.

É um teatro mudo; todo o “texto”, extremamente reduzido, está em cartazes, erguidos pelos atores ou pelo mestre de cerimônias. Todo o resto é feito a partir de cartazes pendurados nos pescoços dos atores (como as placas “6079 SMITH W” e “4224 DOE J”, que identificam Winston e Julia em 1984), mímicos (um “apontar coletivo” para a câmera é gesto comum) ou máscaras.

Durante a representação, outras pessoas podem estar distribuindo material de denúncia ou de reflexão, como, por exemplo, Antonin Artaud e o Teatro da Crueldade; Software de Reconhecimento Facial; Sobre a Webcam Operada em Público pelo Município de Tempe, Arizona; Sobre a Vigilância Televisiva Sem Fio em Nova Iorque; dentre vários outros. Também colam adesivos sob as câmeras, indicando sua presença.

11 de setembro de 2002

Um Dia Internacional Contra as Câmeras de Vigilâncias

Você é contra o uso de câmeras de vigilância em lugares públicos?

“Os Performáticos de Câmeras de Vigilância” estão puxando um dia internacional de protesto contra as câmeras de vigilância em lugares públicos, e a redução das liberdades civis nos EUA e em outros lugares, no próximo dia 11 de setembro.

Para participar é fácil, durante a quarta-feira, 11 de setembro de 2002, pare na frente de uma câmera de vigilância e mostre o que você pensa. Lembrem-se, as câmeras não registram som, então você terá que fazer gestos, pantomima, palavras impressas e/ou retratos para passar sua mensagem.

Se possível documente tudo, e divulgue em fanzines, jornais, webs e tudo mais. Seja criativo! Não seja tímido! Não tenha medo de demonstrar seu sentimento! Sua confiança inspirará outros.

Mais infos da campanha e dos "Performáticos de Câmeras de Vigilância", entre no site: www.notbored.org . Lá você encontrará fotografias, vídeos clips, tapes, scripts...

E-mail: notbored@panix.com.

Colaborou ativamente: Manoel Bobfrip, de Salvador (Bahia).

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Fonte: Centro de Mídia Independente (www.mídiaindependente.org).

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Hipermercado 2006 Igor Amin e Rodrigo Pazzini

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