sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Espaços gerados pela telefonia celular

Como podemos depreender da breve discussão desenvolvida
acima, as características do ciberespaço bem como
muitas de suas conseqüências sociais e pessoais já vêm sendo
investigadas por muitos estudiosos de origens disciplinares
diversas. O mesmo, no entanto, não acontece com a telefonia
celular. E há algumas razões para isso.
Primeiramente, os celulares são ainda muito recentes e as
investigações de seus impactos começaram a se tornar acessíveis
principalmente a partir do ano de 2002. Em segundo
lugar, muitas das características do ciberespaço são incorporadas
pelos celulares, incorporação essa que é particularmente
observável no caso do Japão onde a Internet é acessada principalmente
a partir dos celulares (Rheingold, 2003; Gottlieb
& McLelland, 2003). Uma terceira razão para a escassez de
estudos sobre as alterações que os celulares vêm introduzindo
nos espaços convencionais e as alternativas a estes que criam
é a de que os celulares não parecem gerar novos espaços. Isso
porque, diferentemente dos computadores (e até mesmo dos
laptops e palmtops), suas pequenas dimensões e o ainda alto
custo das ligações não possibilitam a imersão prolongada do
usuário em um espaço alternativo.
Desse modo, as análises tendem a se concentrar na forma
mais freqüente de uso dos celulares: a da comunicação breve,
porém constante, que enfatiza seu poder de conectar diferentes
pontos do espaço físico, mas ofusca a sua propriedade de
gerar novos espaços.
Psicologia: Teoria e Pesquisa
Set-Dez 2005, Vol. 21 n. 3, pp. 365-373

O Cotidiano nos Múltiplos Espaços Contemporâneos
Ana Maria Nicolaci-da-Costa
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

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