terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

OS REIS SÓIS

Olavo Walter


Os momentos maravilhosos, daqueles em que tudo se suspende e torna-se brilhante como uma esmeralda refletida num espelho só existem em sonhos. E naqueles em que você está suspenso, ou seja, com o lombo descansado em uma tranqüila rede de tecido cearense, à sombra de um telhado e há alguns segundos de uma fonte de água gelada, cristalina e engarrafada.
Pois bem. Encontrava-se Marcel em um estado milagroso como este quando o telefone tocou:

- Olá Marcel, disse a voz rouca do outro lado da linha de transmissão telefônica, eu sou você amanhã.
- Não, eu não quero mais nenhum seguro contra fumo, sou mórmon.
- Como assim, mórmon? Você não reconhece a minha voz familiar?
- Não é uma voz familiar, é algo como zumbidos de abelha fervendo numa bacia de coca-cola.
- Não seja tão rude, continuou a voz rouca. É Didier, seu parceiro de crimes horrendos, que história é essa de mórmons? Temos de executar umas tretas.
- Que tretas?, respondeu, como se um pano preto de chumbo caísse sobre seu descanso.
- Tretas escabrosas. Coisa sinistra.
- Não, não. Quero dormir e sonhar com unicórnios rosas, na minha rede bege de tricô cearense.
- Ah, agora você vem com esse papo de conforto, vida mansa e tranqüilidade ao ar livre. Sabe o que você é, Marcel?
- Ahm, não?
- Um grande e preguiçoso comodista. Um ingrato que não se vale das coisas da vida real, um nefelibata desvairado que gosta de dormir com menininhas de doze anos e se vestir com roupões de seda. Você já imaginou a que ponto chegaria sem a vida das Tretas Escabrosas e dos Esquemas Sinistros e das Paradas Cabulosas?, o monólogo era interrompido, em alguns pontos, por intermitências sonoras que ora pareciam pigarros roucos, ora roncos das mais profundas trevas do universo.
- Sim, eu seria um professor de Metafísica, como meu pai, Escher, minha mãe, Rouniq, e meu tataravô Georges.
- Caia na real, seu pai reutilizava sacos de arroz para se vestir, seu tataravô morava em uma cabine telefônica e sua mãe era puta. Que alucinação, todos os seus bens fantásticos, como sua geladeira de madeira, seu colchão de água e até seu gato homossexual foram frutos das Tretas Sinistras! Você deveria abaixar a cabeça à Santa das putas e dos cabulosos e se desculpar por essa conduta de desvios politicamente corretos, por esses pensamentos éticos que assolam seu cérebro de manga-rosa. A treta é a seguinte...
- Você é um mentiroso.
- A TRETA É O SEGUINTE.
- Você é um mentiroso, um velho palhaço que gosta de estuprar putas e bater em masoquistas.
- Escuta aqui, você quer ouvir qual é a treta?
- E meu gato não é homossexual, ele só é frouxo.
- Uma bichinha que nem você, seu viadinho. A TRETA É O SEGUINTE...
- Eu não quero ouvir sobre tretas, agora eu sou mórmon, vivo com os animais, prego a minha religião...
- Eu vou pregar as suas pregas com meu negão Astolfo se você não ouvir qual é a treta.
- Seu negão Astolfo é sinistro?
- Dos mais cabulosos.
- E ele vai com a gente?
- NÃO, porque ele é o MEU negão.
- Não perguntei o porquê, você poderia ter sido mais sucinto.
- Eu sou sucinto com a minha arma de matar pessoas.
- Não é uma arma de matar pessoas, é só um cano de metal amarrado num cabo de vassoura.
- Mas ele mata pessoas como você. De susto. Bichinhas como você.
- Tudo bem, me conta então qual é a treta.
- Então tá. O negócio é o seguinte, Marcel, a parada tá trucando e os manos tão chegando na colundria. A treta cabulosa dos manos já tá fina, os malucos tão comandando geral e esquematizando a nebulosidade das putas e das drogas, tudo com cocaína, heroína, mafagafos e oleúdes. Na maior esbórnia geral, pegou fugiu, caiu morreu, o tempo é pouco, a tampa é preta.
- E como tá a treta?
- Periculosa, terminou a conversação Didier, separando cada sílaba da palavra como se fosse uma tira de banana seca grudada num bloco de bananas secas.

Às onze e vinte, como combinado, estavam todos na casa de Marcel. Didier, Marcel, e o Negro Astolfo. Didier vestia uma camisa florida, calças brancas e quase não passava despercebido o imenso cano que pendia de sua calça. Negro Astolfo usava um chapéu coco e fedia a alho.

- Você fede alho, cara, alho, disse Marcel ao vê-lo entrar pela sua porta de sapê, o que Negro Astolfo respondeu com seu velho e personalista golpe do soco no queixo.

* * *


Pessoas assim não dirigem carros nem podem ir ao teatro, disse Negro Astolfo, ao observar Marcel acordar, com as mãos envergadas uma para cada lado, o rosto contorcido numa horrível careta estática e as cadeiras deslocadas 20cm para a esquerda em relação às juntas das pernas.

- Não, meu caro Negão, pessoas assim têm vagas exclusivas e sentam na primeira fila do teatro, respondeu Didier, observando a criatura decadente que se desenrolava no tapete coberto de alho e galinhas mortas. Vocês africanos não conhecem a civilização e as leis para debilóides?
- Não senhor, só a AIDS, mesmo, respondeu Negro Astolfo, deixando bem à vista seus brancos dentes em contraste com sua face de ébano podre.

Marcel acordou novamente de estados sublimes de consciência, das mais vastas e brilhantes e veludosas regiões do sensível para sentir o gosto de guarda-chuva mofado de terça-feira chuvosa na sua boca nojenta. Olhou ao redor, galinhas mortas, alho e óleo, uma mesa de pingue pongue e uma fogueira, onde se queimavam uma geladeira de madeira, um gato homossexual e uma rede de tricô cearense.

- Ó meu deus, anos de luta nas tretas escabrosas e vocês queimam tudo?, começou a gritar em prantos, esperneando como um retardado no tapete sujo de sangue de galinha e alho e óleo. Ó MEU DEUS, O QUE EU FIZ PARA MERECER ISSO, CONCURSO PÚBLICO?, repetia, seguidamente.
- Nós somos maus para caralho, e se você quiser mesmo renegar seu passado, assine esse papel – e deixou à mostra um papel higiênico cagado e sangrado – assine aqui que nós estupramos a sua mãe, comemos o seu pai e alugamos sua casa para ciganos, disse Didier, seco e confiante no que estava falando.
- Oh não, é muito sofrimento para um mórmon francês!, esperneava horrivelmente Marcel, relutando em acreditar.
- Ou você pode assinar esse outro papel – e tirou do bolso um maço de papeletas timbradas, com carimbos de cartório e tudo o mais – renegando sua vida mórmon e devotando tudo o que vier para a vida de tretas e cabulosidades periculosas. Nós podemos até trazer o seu gato homossexual de volta, apenas têm de assinar.
- Ok, respondeu Didier, e apertou as mãos de Didier com o sorriso amarelo de negociantes turcos, posando logo para a foto que era tirada por Negro Astolfo.
- Você é um idiota, Marcel, disse Didier, logo após ratificar o contrato.
- Por quê?
- Sua geladeira continua no córner da parede, você está deitado na rede de tricô cearense e seu gato está nesse momento lambendo o seu ânus.
- E o que era aquilo que estava sendo queimado?
- Réplicas.
- Réplicas?
- Réplicas. Precisávamos delas para fazer o ritual de passagem de sua religião. Agora você não é mais mórmon.
- E para onde eu vou agora?
- Para o inferno dos mórmons -. Uma sombra negra assolou o rosto de Marcel – Mas não se preocupe, continuou Didier, é a mesma coisa que o paraíso dos muçulmanos, mas ao invés de vinte mil virgens, vinte mil vegans terá.
E foram se arrumar para as tretas cabulosas daquela noite sombria e chuvosa de sábado.

***

As ruas estavam mal iluminadas pelos rastros amarelos dos postes esparsos. Suas bolas de luz refletiam no asfalto molhado, desenhando seqüências de reis sóis incas a cada esquina. O pára-brisa tecia sua sinfonia irritante esfregando suas abas de plástico no vidro liso e molhado. Negro Astolfo dirigia um opala negro de vidros opacos, com faróis de neblina. Iam por entre os bairros escuros e desertos. Fumavam altas maconhas no caminho.
O rádio tocava noticiários solitários, e um homem com uma voz de gravata borboleta e chapéu de palha conduzia seu programa jornalístico.

“...entretanto, as nove pessoas que foram encontradas com buracos de bala nas cabeças eram apenas artesãos colombianos e, vocês sabem né gente, a polícia arquivou o caso e mandou um cumprimento especial aos executores do crime. E uma nova geringonça foi usada pela Polícia Especial de Santa Afonsa para mandar essa mensagem aos nossos amigos assassinos. Uma onda magnética foi construída com ajuda dos melhores computadores e, junto com a mensagem de agradecimento, fogos de artifício e um belo one hit wonder dos anos 80 também foi compactado nesse maravilhoso formato, que ecoou pela atmosfera numa freqüência só captável por cérebros malignos. Por falar em cérebros malignos, pessoal, que incrível a vitória do Garoto Elias, que sobreviveu depois de ter seus olhos comidos por um urubu...”

Não prestavam atenção a nada disso, apenas mantinham seus olhos fixos na estrada reluzente. Logo após doze ou treze quarteirões repletos de cachorros insones, pararam. Negro Astolfo precisava urinar.

- Seu negro tem a bexiga de uma garotinha, disse Marcel, após Negro Astolfo sair do carro.
- Vou contar à ele quando voltar, respondeu Didier.

Seguiram por mais algumas quadras, e chegaram ao Porto. Assim como todos os portos de cidades idiotas, era sinistro, sujo, e tinha putas.
“Seu carro cheira a drogas”, gritou um mendigo que se coçava, nu, envolto numa mangueira e encostado num poste. Seguiram sorrateiramente. Negro Astolfo arrastou o indigente e o jogou na água, fazendo muito barulho. Várias putas aparecem.

“E aí gostosos, querem uma diversão?”, perguntaram algumas, cheias de herpes nos lábios. Outras, mostraram seus seios carcomidos por lepra e lamberam as mamas umas das outras, cheias de pus alheio. Era uma cena linda. Marcel segurou uma ereção mordendo os beiços.

- Saiam daqui, sua vadias, somos manos cabulosos, disse Didier, para afungentar os animais. Negro Astolfo mostrou o pau, e algumas saíram correndo. Outras, ajoelharam-se a seus pés e os seguiram, pelo porto.
Há quinhentos metros de distância havia um poste, solitário, e podia-se observar uma movimentação suspeita de tretas acontecendo. Um homem, encostado num capô de um carro, fumava um cigarro e soltava muita fumaça pelas narinas. Pelo seu sobretudo negro, podia-se deduzir que era um negociante periculoso. Seguiram, sorrateiramente, com os gritos do mendigo afogante de um lado e os murmúrios lastimosos das putas beatas do outro. Marcel batia o solado de madeira de sua sandália contra o chão, Didier arrastava o cano de ferro no chão e Negro Astolfo segurava seu orgulho para este não arrastar no chão de chapisco. Estava tudo cheio de merda de cachorro.
Silenciosamente, como uma orquestra de apitos da Itália, chegaram à vista do homem de sobretudo, que soltava fumaça das narinas apoplecticamente. Este abriu o sobretudo e, nu, começou a dançar de um só pé e balançar seu orgulho ao vento. Alguém gritou:

- Queremos fazer tretas.

O homem parou, fechou seu sobretudo e, seriamente, colocou um chapéu negro:

- Me desculpe, é porque sou um peladão nos momentos de escassez. O que vocês querem vender, suas putas? Mande-as ficar em pé.

No mesmo momento, todas as putas levantaram, deixando à mostra seus joelhos sujos de bosta e carcomidos em sangue pelo chapisco do Porto.

- Não exatamente. Não queremos vender, queremos comprar – disse Didier, com segurança na fala.
- O que, mais exatamente? – perguntou o peladão, que agora expelia fumaça pelas orelhas também.
- Drogas. E armas.
- Venham aqui. – e, levantando-se do capô do carro no qual se encostava, adentrou por um beco cheio de caixas velhas, até chegar a uma kombi velha e bege, com um imenso letreiro escrito TRETAS. Abriu a porta traseira. Didier e Marcel colocaram suas cabeças para dentro do veículo, Negro Astolfo rolava no chão molhado de esgoto com as putas ensandecidas.

- Olha, só. Há muitas drogas aqui, Marcel. E armas também. Podíamos fumar todas essas armas e matar pessoas com todas essas drogas, disse Didier.
- Quanto é? – perguntou Marcel.
- Milhares de dinheiros, disse o peladão, que agora soltava fumaça também pelos olhos e pelo septo.
- Tudo bem. Negro Astolfo, traga a mala de dinheiros.

E fizeram negócio.

***

O sol já nascia no fundo das nuvens translúcidas e uma coloração rosa-choque tomava conta da cidade. Negro Astolfo não dirigia mais o carro, apenas sentava-se no banco de trás com quinze putas ensandecidas dormindo nos seus ombros. Fumavam muitas drogas e dirigiam como doidões Marcel e Didier, que se revezavam ao volante e na preparação do crack. Os postes ainda continuavam ligados, seus sensores de luz estavam descontrolados e uma crise energética de dimensões escabrosas iria assolar Santa Afonsa em alguns meses. Mas, neste meses, as tretas de Didier e Marcel estavam rolando. Deram uma volta dupla numa praça, e isso foi o bastante para despertarem a atenção de alguns guardas.

- Olhe, Marcel, estão nos seguindo, dizia Didier fritando os pneus no asfalto molhado como ovos no azeite. – Eu acho que eles querem nos comer.
A viatura saiu de trás de uma árvore como um cagalhão sem rumo, e iniciou-se a perseguição cruel. Se ganhassem um centavo para cada calafrio que os acometia naquela hora perversa, estariam ricos. E se ganhassem um centavo para cada dez novas espécimes de microorganismos que eram criadas no banco de trás, ficariam multimilionários. Andaram mais alguns quilômetros atropelando algumas pessoas e barracas de cachorro quente, e a treta já estava sinistra.

- Vamos ter de dispensar peso, disse Didier, e pegou uma das putas pelo pé e a jogou da janela. A puta girou no seu próprio eixo enquanto quicava pela auto-estrada até parar, toda ralada e nua, na mureta lateral. A viatura parou, bruscamente. De dentro do carro, saíram dois policiais com garfos e facas e iniciaram o banquete. Aqueles eram tempos difíceis.

- Ufa, estamos livres!, disse Marcel.

- Não! Vocês mataram o amor da minha vida. Agora tudo o que restará de minha existência será cinza e sem sabor. Não haverá mais tardes de calor nas praças, noites de amor com odor de dama-da-noite, nunca mais apreciarei o rico sabor de um tomate colhido numa época de estiagem ou de um vinho preservado por séculos num barril de madeira. O horizonte nunca mais se explodirá em cores como num pôr-de-sol de primavera, mas sim para sempre haverá a chuva fina e cinza do desgosto. As belas mulheres que hoje são princesas, amanhã tornar-se-ão bruxas, velhas medonhas e incapazes de inquietar meu coração partido. Só vejo pedras em meus pés, pontadas em meu peito, desgosto e desabor. Desabrochar, jamais, - palavreou Negro Astolfo.

- Bom, Didier, acho que teremos de sacrifica-lo.

- De bom grado, pegue a foice comunista.

E retiraram, de dentro do balde de armas, uma bela foice de pessoas pobres mas lutadoras, cortando, logo após, num golpe rápido e fatal, as bolas do Negro barroco, que começou a balbuciar...

- O que ele está tentando falar?, perguntou Marcel, concentrado na direção fatal de seu carro de tretas.

- JÁ










- Já já, o que, desgraça?

EE
- JÁAAAAAAAAAAAAAAAAR .
AA



- Ó meu deus, criamos um monstro!
- Calma, isso só dura um tempo, depois que ele tomar consciência do seu estado aleijado, vai começar a fazer vídeo-arte.
- Deus, não!


***


A tarde despedia-se daquela data como uma brisa morna que foge dos terreiros de candomblé. Os pássaros cantavam no telhado de amianto de Marcel, e ele continuava a cavalgar em unicórnios rosas de algodão doce, na terra de chocolates com Sônia Braga em sua garupa. Foi quando alguém tocou a campainha.
O pano negro de chumbo novamente caía sobre os territórios maravilhosos da compreensão de beleza humana, revelando uma platéia porca e nojenta, com putas esparramadas pelo chão, um Negro de olhar pensativo, drogas efervescendo num barril de lata e armas antigas atirando a cada brincadeira curiosa de seu gato homossexual. Levantou-se, cambaleante, com a cabeça do tamanho de um cérebro japonês e precipitou-se até a porta, pisando nas putas e nos seus joelhos horrendos. Por debaixo da soleira, uma edição do jornal de próximo mês:

“ERA UMA VEZ TRÊS MANOS TRETA. ERAM CABULOSOS, SINISTROS, E FAZIAM AS PARADAS NA COLUNDRIA. DOIS DELES ERAM FRANCESES, O OUTRO, AFRODESCENDENTE. FUMAVAM DROGAS, ROUBAVAM PUTAS, DAVAM COMIDA PARA OS POLICIAIS. NUNCA SE SOUBE PORQUE ERAM TÃO SINISTROS, CABULOSOS, E PORQUE SÓ FAZIAM AS COISAS NA COLUNDRIA, MAS TODOS OS RESPEITAVAM E TRANCAVAM SUAS CASAS A SETE CHAVES QUANDO AQUELES SAÍAM ÀS RUAS. NÃO TINHAM PAIS, IRMÃOS OU MÃES (MÃE PUTA NÃO CONTA). ERAM VERDADEIROS ARTISTAS. ATROZES. SINISTROS. UM ERA MÓRMON, O OUTRO, ESTE AMANHÃ; O ÚLTIMO, CONCRETISTA:

Nesta quinta-feira, o afrodescendente Negro Astolfo, conhecido pela negritude concretista que caracteriza seus trabalhos, abre a exposição pornô-erótica Jaera com vídeo-poesias pornográficas na Galeria Santa Afonsa, às quatro e vinte da tarde. O crítico Mestre Jonas classificou as obras como ‘dignas de um universo não-diégetico capaz de sintetizar os momentos maravilhosos, só possíveis no mundo onírico, numa avalanche de sensações de sintaxe videográfica transcendental’. Na mesma quinta-feira, nas salas do cinem...”






BONUS TRACK

CURIOSIDADE:

- Por que Negro Astolfo usa calças de brim apertadas?
R: Por que ele perdeu as bolas por causa de uma puta.

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