quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Articulações urbanas

(abre aspas) Em cidades como São Paulo, Johanesburgo ou Lima observa-se uma diminuição crescente dos espaços públicos onde poderiam se estabelecer experiências de troca e compartilhamento. Erguem-se muros e grades, fecham-se os portões dos parques, os vidros dos carros e se convive constantemente com o medo de encontros efetivos e o receio de que o relacionamento com "o outro" (quando não é explicitamente de risco, violento ou mesmo fatal)seja mais uma forma de drenagem da energia vital a ser dispensada no cotidiano. Protegemo-nos dos estranhos, que supostamente nos exaurem. Nessas cidades, criam-se bolhas protetoras (imunes à da esfera pública), ambientes selados e blindados. Ptotegemo-nos da realidade dita "crua", da vida pública.

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Estas descrições, apesar de um tanto generalizadas, encontram um paralelo no que Zygmunt Bauman denomina de mixophobia , quando explica a existência de uma condição elementar em homens e mulheres nascidos e criados num mundo desreguladamente individualizado e fluido, resultado de mudanças aceleradas e difusas. O medo de se misturar (com o estrangeiro, o estranho), que se opõe ao ideal de mixophilia, é uma manifestação de forças voltadas a constituir pequenas ilhas de semelhanças e mesmices, inundadas por um mar de variedades e diferenças [BAUMAN: 2003, p31].

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O trabalho em rede vem, de fato, sendo visto como solução para o compartilhamento de atividades e encontros em substituição aos desenvolvidos em espaços tipicamente urbanos, consumidores de tempo e energia vital. É um modelo de ambiente supostamente protegido (para não dizer "controlado", termo que geraria questões que não cabem aqui), onde se expandem ideais de produtividade e acessibilidade à informação. (fecha aspas)

BAMBOZZI, Lucas. Interfaces expandidas: conexões críticas in CANETTI, P.; ARANTES, P.; MOTTA, R. (orgs.) Conexões Tecnológicas. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.

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