sexta-feira, 22 de junho de 2007

desCOBERTA
Sinto falta daquele amor puro, descompromissado; da primeira série. É encantador lembrar. Não que os outros amores e dores que tenham passado por mim, fossem menores ou maiores, mas foram diferentes. O amor da primeira série, era amor regado a olhares e descobertas. Não sabia o que era sexo, ponto G, beijo de língua, pegada. O amor da primeira série, foi embora e não deixou dor. Não pontou. O nome era Lafite! Lembro que todos na sala de aula, riam na hora da chamada. Eu tbm ria, mas ria baixinho prá ele não escutar. Menino magrelo de canelas finas, cabelos curtos e furinhos no uniforme.Não sei o que era, o que aquele menino tinha, mas me fazia bem! Lembro que ele sempre usava chinelos. Com chuva ou sol. Havaianas azuis. Descobri que gostava dele, num dia em que minha mãe me acordou prá ir a escola e quando olhei pela janela, não conseguia ver nada. A neblina tapava qualquer coisa a um palmo do nariz. Então levantei, tomei banho, me vesti e coloquei um par de meias na mochila.Cheguei na escola, fui até ele e entreguei o par de meias. A descoberta do amor na primeira série e o que senti naquele dia, é o que me faz querer amar sempre.

Escrito por Larissa Minghin
Do Amor
Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O AMOR é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do AMOR nos domine?Minha resposta? O AMOR é o desconhecido.Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o AMOR será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do AMOR é a de um ser em mutação. O AMOR quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.A vida do AMOR depende dessa interferência. A morte do AMOR é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o AMOR não podemos castrá-lo.O AMOR não é orgânico. Não é meu coração que sente o AMOR. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O AMOR faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O AMOR brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o AMOR grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do AMOR, se estivermos também a devorá-lo.O AMOR, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o AMOR a navega. Morrer de AMOR é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no AMOR. E a língua do AMOR é a língua que eu falo e escuto.
Escrito por Paulinho Moska

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