quarta-feira, 11 de abril de 2007

A vida como
relato na era do
fast-forward e do
real time:
algumas reflexões sobre
o fenômeno dos blogs
Paula Sibilia

RESUMO
Em contraste com algumas formas modernas de atualizar a memória das
próprias experiências vividas (do diário íntimo à psicanálise, do romance clássico
às autobiografias românticas), este artigo examina o fenômeno dos weblogs,
fotologs e videologs do tipo confessional; isto é, aqueles que expõem na
Internet a intimidade de seus autores. Estas novas manifestações dos gêneros
autobiográficos seriam uma tentativa atualíssima de “recuperar o tempo
perdido” na vertigem do tempo real, do “sem tempo” e do presente
constantemente “presentificado”, todos fatores que caracterizam a
contemporaneidade. A peculiar inscrição cronológica desses novos “relatos
do eu” denota uma certa reconfiguração das subjetividades, que se distanciam
das modalidades tipicamente modernas de ser e estar no mundo. Assim como
ocorre com a idéia de interioridade, também está sofrendo alterações o valor
atribuído a outro fator primordial na constituição da identidade individual: o
estatuto do passado como um alicerce fundamental do eu. Apesar de sua
permanência como fatores ainda relevantes, essas duas noções que
desempenharam papéis de primeira ordem na conformação das subjetividades
modernas hoje parecem estar perdendo peso na definição do que cada um é,
dando a luz a novos regimes de constituição do eu.

PALAVRAS-CHAVE

Memória. Escritas de si. Blogs. Subjetividade. Internet.

O homem sofre das memórias
Sigmund Freud

Não quero mais ser eu!!
Mas eu me grudo a mim e inextricavelmente
forma-se uma tessitura de vida.
Clarice Lispector


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